quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mensagem Semanal

A resposta que vale mais do que um milhão de euros
XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM Leituras: Is 50, 5-9; Sl 114 (116), 1-2.3-4.5-6.8-9; Tg 2, 14-18; Mc 8, 27-35 «Tu és o Messias» (Mc 8,29). Os americanos têm a “one million dollar question”, a pergunta que vale um milhão de dólares. A expressão tem origem nos concursos televisivos, mas é usada em muitos outros contextos. Os bons entrevistadores têm sempre uma “one million question” para tramar ou fazer brilhar os entrevistados. Os professores usam-na nos exames para destrinçar os bons alunos dos excelentes. No fundo, qualquer pessoa que queira distinguir-se nas suas funções tem de arranjar uma “one million question” e dar-lhe uma resposta à altura. Jesus não tinha uma “one million question”. Tinha muitas: Quem está na face da moeda? Quem não tem pecados? Se um homem tem cem ovelhas e perde uma, não vai à procura dela? O que vale mais, o que entra no homem ou o que sai do seu coração? O que aproveita ao homem ganhar o mundo, se perde a alma?... Fazer boas perguntas é tão difícil como dar boas respostas. E, frequentemente, é o caminho mais apelativo para a descobrir a verdade ou provocar uma mudança de atitude. Jesus sabia fazer boas perguntas. Antes da “one million question”, no Evangelho deste domingo, Jesus fez uma outra que hoje poderia ser respondida com uma sondagem, um inquérito ou uma abordagem na rua, como este jornal costuma fazer: “Quem dizem os homens que é Jesus de Nazaré?” A pergunta é interessante, mas a resposta não mexe connosco. O que os outros dizem pode ser ou não o que eu penso. Hoje, um inquérito à população diria que Jesus é uma personagem da história, o fundador do cristianismo, um líder religioso. Para alguns, menos informados (porque já não é sensato duvidar da existência história de Jesus), será um mito; para outros, um filósofo, para muitos, “um amigo”, para alguns, o Salvador… A “one million question”, a que faz tremer o interlocutor, é aquela cuja resposta implica quem a dá: “E tu, o dizes que Eu sou?” Nenhuma pergunta questiona tanto cada um de nós e a própria humanidade em geral como esta. Se eu sei que ele diz que é “a Ressurreição e a Vida”, “o Caminho, a Verdade e da Vida”, “a Porta”, “o Pão da Vida”, “a Água viva”, e digo que ele é apenas uma personagem história, ou mesmo “um amigo”, das duas uma: ou não o levo a sério ou não me levo a mim a sério. Porque Ele é mais do que isso. Mas se dou a resposta certa e não me implico nela, o cheque do milhão vem com os números certos, mas é careca. É só fachada. Podemos imaginar que quando Jesus fez a pergunta «E vós, quem dizeis que Eu sou?» os apóstolos olham uns para os outros e a seguir para Pedro, para que este responda. Se ele é o líder dos apóstolos, a ele compete dar a resposta. E saiu-se bem, embora não compreendesse o alcance efectivo da resposta: a seguir, repreendeu Jesus. A pergunta, que no Evangelho serve de pretexto para anunciar a Paixão de Jesus, exige hoje e em cada época da história, uma resposta pessoal e intransmissível. Agora já ninguém pode dá-la pelo outro, embora possa ajudá-lo na busca da resposta. E não adianta muito copiar a resposta de Pedro. Temos, contudo, uma vantagem sobre o chefe dos apóstolos. Conhecemos o desfecho da história. Podemos evitar repreender o Mestre. Copyright © Correio do Vouga

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