sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mensagem Semanal

XXVI Domingo do Tempo Comum
A Palavra de Deus é rica de conteúdos e sentidos. Tanto alimenta os famintos, como consola os abatidos, refresca os cansados e desperta os apáticos. É alento no caminhar. Das leituras deste domingo, entre as várias pistas para a vida cristã que nos são sugeridas, escolhemos três. 1. A primeira consiste em evitar o ciúme. Na primeira leitura, Josué vê que há dois profetas que não cumpriram certa formalidade e pede: «Moisés, meu senhor, proíbe-os». Mas Moisés responde-lhe: «Estás com ciúmes por causa de mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor infundisse o seu Espírito sobre eles!». No Evangelho, João e outros apóstolos têm uma atitude semelhante: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Estes dois casos mostram que ninguém está imunizado contra o ciúme, esse “irmão gémeo da rivalidade”, “amigo inseparável da inveja”. Contra ele, vale a pena citar a “receita de humanização” que a propósito do ciúme há dias o padre Manuel Morujão escrevia na revista do “Mensageiro do Coração de Jesus”: “Não existe vacina contra o ciúme. Ninguém está imune ao ciúme ou à inveja. É preciso estar atento para que tal vírus não nos contagie. Importa acreditar que é uma doença com cura. O ciúme não é um mal sem remédio. Só melhora quem acredita que pode melhorar. A melhor cura é a prevenção. Por isso, cultiva o amor generoso e oblativo. «O amor é paciente, é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso», recorda o médico das almas, S. Paulo. «Ama e faz o que quiseres», lembra um especialista em cardiologia espiritual, Santo Agostinho”. 2. A segunda pista centra-se na radicalidade que o seguimento de Cristo implica. Mais do que uma verdade, um conjunto de regras e dogmas ou uma moral, a vida cristã consiste no seguimento de uma pessoa, Jesus. Ora, neste domingo, aquele que seguimos pede-nos o que, à letra, não seremos capazes de cumprir: “Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a… Se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora”. Na verdade, ao longo da história, houve quem literalmente se mutilasse para viver à letra o evangelho. Mas não cremos que fazendo isso estivessem mesmo a fazer a vontade de Jesus. Estamos perante um modo de falar tipicamente semita: grandes contrastes para fazer sobressair a verdade mais simples (como quando se diz, por exemplo, que para segui-lo é preciso odiar pai, mãe… ou seja, para segui-lo é preciso amar mais do que…). O que interesse realçar é a tenacidade que pomos no seguimento de Jesus. Adaptando a afirmação, hoje podemos acrescentar: “Se o teu carro, o futebol, a Internet, os teus livros, o telemóvel… são ocasião de escândalo, manda-os para o abate, muda os teus hábitos, recicla-os…”, porque o Reino de Deus vale todo o nosso empenho. 3. Por último, prestemos atenção aos avisos de São Tiago na segunda leitura. O apóstolo tem em vista os maus patrões. “Privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras. O seu salário clama; e os brados dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do Universo”. Mas a mensagem é dirigida a todos. Com certeza que um destes chapéus nos servirá: podemos ser o rico explorador; o ceifeiro explorado; ou o que vê ambas as coisas e fica calado (provavelmente o caso mais comum). Se se aplicar a última situação, os nossos olhos estão a ser motivo de escândalo. Já sabe o que Jesus pensa disso. Copyright © Correio do Vouga

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