sábado, 19 de dezembro de 2009

Mensagem Semanal

Cantigas ao desafio
Cantou o Miqueias, cantou a Judite e o velho Isaías; cantou o Zacarias e um senhor desconhecido mas grande admirador de Paulo de Tarso… e não faltou aquele médico erudito mas tão simples e simpático, lembrando comovido os cantares da Mãe de Jesus e da prima Isabel. O elenco, se bem que todo ele consagrado, integra alguns elementos menos na berra, ou então aqui mal referenciados: Judite, cujo nome significa «a judia», ficou famosa pela valentia equilibradamente alicerçada em Deus, tendo arriscado a vida e a reputação para libertar Israel do inimigo – qualidades que fizeram dela a imagem da mãe de Jesus. Terá vivido cerca de 600 anos a. C. e dá o nome a um dos livros da Bíblia, onde se encontram vários cânticos – pedidos de ajuda ou acções de graça. O «Magnificat» e a liturgia dedicada a Nossa Senhora inspiram-se nalgumas passagens deste livro. Fica bem convidá-la para o festival. Nem convinha pôr de parte Zacarias, mencionado no evangelho de hoje, mais conhecido pelo brilhante solo sobre o seu filho João precursor de Jesus (Lucas 1,67-79), sendo mais tarde acompanhado por Simeão (Lucas 2,29-35). Quanto ao «senhor desconhecido», é nada mais nada menos o autor da carta aos Hebreus, onde se canta em grande estilo o mistério e a condição gloriosa de Jesus. Miqueias, de quem é a 1.ª leitura, apresenta o Messias sonhado envolto na neblina do tempo, enraizado na história humana e nas aspirações longínquas da humanidade. Terá vivido no séc. VIII a. C.. Sem estatuto social aparente, longe dos círculos do poder, teve que enfrentar sozinho a corrupção do seu tempo (dos políticos, sacerdotes e outros falsos profetas), confessando claramente que só tem apoio no Senhor (3,8). A sua notória sensibilidade ao sofrimento do povo e a um Deus que tanto se entristece com a injustiça como abre os mais audaciosos horizontes de alegria e de paz, faz dele um personagem bem simpático e a condizer com esta época do Natal.

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