sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mensagem Semanal

«Afasta-te de mim!»

«Afasta-te de mim!» Diz-se em voz alta, mas sobretudo para dentro: quando nos calha um intruso, um passante inoportuno, um “amigo” rémora, um namorado que não encaixa, o cônjuge que já não queremos ao lado… Até desejaríamos poder dizê-lo às ideias obsessivas aos ideais incómodos e à nossa consciência. Dizemo-lo tanto por orgulho como por falsa humildade: tanto nos achamos senhores supremos das nossas escolhas sem termos que dar atenção aos outros, como nos achamos incapazes de realizar o que desejamos e de colaborar num plano comunitário. Por outro lado, verdade seja dita que, de vez em quando, precisamos de nos afastar na tranquilidade do nosso cantinho. A Isaías também lhe calhou uma presença estranha, pertinazmente importuna e ainda por cima como que “mascarada”: a do Senhor Deus no seu esplendor, que os olhos humanos nunca podem ver claramente. Apenas os «seres ardentes» (significado do termo hebraico «serafim») a conseguem cantar, chamando-Lhe três vezes (ou seja, perfeitissimamente) «Santo» – uma fórmula de culto já anterior a Isaías e não exclusiva do judaísmo.

Havia razão para ter medo: acreditava-se que a visão da transcendência divina era de tal modo tremenda que podia aniquilar o ser humano. Por isso, esse profeta precisou de muita coragem (ou terá tido o atrevimento) para aceitar o desafio que lhe fora lançado pelo próprio Deus – mas sobretudo porque teve a experiência de que o encontro com Deus também podia purificar os humildes, pondo a força divina no seu coração. Partiu então a pregar a «santidade de Deus», «o Santo de Israel».

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