sábado, 27 de março de 2010

Mensagem Semanal

Justiçado há dois mil anos
Por que é que não foi apenas mais um dos muitos «justiçados» na época? A «Paixão de Jesus» impressionou de tal modo os discípulos que, mesmo dezenas de anos após o acontecimento, o relato dos 4 evangelistas coincide em muitos aspectos. Mas os sentimentos e maneira de pensar de cada evangelista estão bem presentes, não só na diferença de estilo mas também na recolha e arranjo do próprio material, e sobretudo nas interpretações desenvolvidas já à luz da experiência de «Jesus ressuscitado». (Nenhum comentário pode substituir a meditação deste acontecimento). Falam todos do mesmo «homem bom», que marcou tão fortemente os que lidaram com ele. E como acontece a todos os «homens bons» e sobretudo aos melhores…), não era «bom» para toda a gente: ou porque incomodasse os preconceitos e a consciência, ou sobretudo porque incomodasse o modo de vida e estratégias de poder da maioria da classe dominante. De facto, pelas suas palavras e acções, pondo a lei e os costumes (e portanto a religião) ao serviço do bem-estar das pessoas, perturbava o «bom andamento» dos que detinham o governo efectivo do povo judeu – praticamente a classe sacerdotal. O simbolismo (ainda hoje mal conhecido) de muitas das palavras e acções de Jesus (abusivamente utilizadas para o condenar) revelava que estava iminente uma mudança na relação entre os Homens e Deus. E a ideia de «mudança» incomoda. Quando quase de repente surgiu uma ocasião para prender Jesus, esta foi aproveitada com a mesma celeridade com que as autoridades do nosso tempo aniquilam uma «persona non grata». E como hoje, não faltou corrupção, num processo bem orientado para a mais dolorosa e humilhante das penas capitais. «Legalmente» justiçado.

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