sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mensagem Semanal

Laureados das novas profissões

É toda a infinda romaria de gente que soube dar um colorido diferente às cores mais comuns da vida. Um colorido tal, que transformou em «novas» as profissões mais diversas do mundo. Podia-se assim festejar toda a gente: quem dedicou a vida a mudar fraldas, a servir em restaurantes, a recolher o lixo… e até em coisas como ser ministro! (Nota: houve santos famosos com o mais incrível estilo de vida!). Tem mesmo que ser de arromba (ver a 1.ª leitura) a Festa de Todos os Santos, já com origem no séc. VII, centrada então no culto dos mártires: pois na verdade é muito mais do que o ajuntamento de toda a «gente importante do céu» (como se a gente tivesse medo de esquecer algum santo que nos fizesse jeito…).

Não é que «lá no céu» caiba tudo! – Mas a grande verdade é que «lá pode mesmo caber tudo». É a exuberante mensagem da «ressurreição»: a todos nós espera uma «vida cheia», seja qual for a actividade nesta vida (que não conhecemos assim tão bem como isso, pois «por dentro da vida é que a vida é»…). (A Comemoração dos Fiéis defuntos vem depois lembrar que a saudade é natural e que traz o colorido da esperança «apesar de tudo», o colorido da vida mesmo onde se sente particularmente a morte, o colorido da gratidão pela experiência da vida convivida).

Quem não gosta de ser «laureado»? Presume-se que ninguém. Mas quando a gente vê que é só para ser «do lado de lá»… Não dizemos nós que «o céu pode esperar»?... A terra é que não pode esperar – e o clima em degradação tanto é do nível físico e biológico como do espiritual (porém, nada é «irreversível» enquanto depender da vontade humana).

Será sempre urgente trabalhar pela justiça: procurando criar um mundo em que a gente se sinta bem, o que inclui a beleza e equilíbrio do ambiente e sobretudo a alegria de boas relações humanas. Será sempre urgente trabalhar para construir a paz à nossa volta. Será sempre urgente dar testemunho de que vale mesmo a pena estabelecer a organização social com base na sinceridade, e não em jogadas obscuras ou até criminosas.

E assim descobrir que é próprio do ser humano «ser pobre» porque lhe falta sempre muito… Afinal, procurar em tudo este muito é que foi a «nova profissão» de tantos «laureados».

E porque sonhamos com a melhor maneira de ser feliz, é que de vez em quando nos sentimos tristes, desanimados… e de alguma maneira «perseguidos». As bem-aventuranças apontam de facto para uma nova maneira de levar a vida de todos os dias – e até a não desanimar perante o desânimo! E por isso, todas elas começam pela exclamação: – «Alegria!»… para todos os que sentem que falta sempre «alguma coisa»… e que muitas vezes choram quando tudo parece faltar. («Alegria!» é uma tradução aceitável, a par de «felizes» ou «bem-aventurados»). Vendo bem, «o Sermão da Montanha» (Mateus 5-7) não é como um código de moral. Jesus Cristo muito penou para mostrar que era hipocrisia e comodismo julgar que se é bom, só porque se cumpre o que está escrito. Nem é um novo «código da estrada», em que até se pode fazer batota; nem fórmulas mágicas (tantas vezes difíceis de interpretar correctamente); nem um livro de ponto para actores como os hipócritas observantes da Lei referidos em Mateus 15,7-9. É, isso sim, uma «nova moral»: um novo estado de espírito, uma nova atitude perante a vida.

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